coisas impossíveis
muda o rosto fica a tristeza pequeno erro de
apenas se saber falar longos dias depois de
se nascer. vão chegando os amigos repousam de
cais em cais sabem na voz o alimento favorito
dizem coisas impossíveis até à certeza do
nosso sorriso seu bilhete de estadia. algo
vivo molha os lábios: nunca um deserto foi
tão sobre a praia a maré tão sobre os olhos
como nas primeiras palavras silêncio que a voz
respira com os dedos no olhar. cresce o corpo
a incerteza: é como habitar uma jangada retirar
água à boca se os lábios choram a sede por quem
morrer perdendo as mãos? se ainda há peixes
fugindo pelos muitos buracos da rede
João Luís Barreto Guimarães
Publicado em 7 de Julho de 2008