Cedo ao rastro de restos que me tenta até ti (pernas de nylon vazias sapatos desafogados) metades desirmanadas que arrumo no poema. Posso disturbar o teu espaço? Entrar e ficar a ver? Estás sob a linha d'água (gume que fere o mamilo) como um escultor pergunto com a precisão de poros pela mulher dentro da pedra. Desenrolas da torneira o novelo que te veste (o corpo em repouso contem a soma dos movimentos) lavo-te até ao teu cheiro até respirar de ti o perfume verdadeiro. João Luís Barreto Guimarães