Nevoeiro
Que seria de mim se a convulsão do mar
me transformasse em nuvem, se teus dedos
não riscassem a giz o nevoeiro das aves
para o encontro extemporâneo das árvores?
Teus cabelos de oiro dos campos
não me resolvem a angústia das tardes
em lábios diluídos num beijo arenoso.
Teus olhos de um verde profundo
não bebem a sede azul das curvas do vento
no esqueleto desta paisagem. Que seria de mim
se não riscasses com os dedos
o nevoeiro das aves?
Luís Adriano Carlos
Publicado em 15 de Julho de 2008