A verdade
A noite que se insinua entre refolhos
mais escuros, compreendeu o segredo
do tempo, do espaço que divide.
A verdade está talvez nessa fímbria
que se adelgaça, no toco do cigarro,
ressurge naquele fundo de garrafa
abandonado à margem da ressaca.
O resto não passa mesmo de um pretexto
para sentir-se vivo e menos só.
Eugenio Montale, trad. de Ivo Barroso
Publicado em 17 de Agosto de 2008