São plátanos palmeiras castanheiros jacarandás amendoeiras e até as oliveiras que quando a noite cai na infância formam uma cortina escura na estrada frente à casa árvores apagando os dias que a memória avidamente esconde no corpo do seu gémeo Penetra inutilmente na terra essa raiz do branco plátano adolescente e o campo do tempo onde as palmeiras eram pilares do corpo nu símbolo de si mesmo, à luz do dia fixo, já se estende na húmida manhã dos castanheiros Esquecimento que tudo enfim possuis e geras a ofuscante luz igual à da memória, do tempo como ela filho, construtor da ausência, em vão te invoco Tu que mudas a roxa amendoeira em brancas flores do jacarandá entrega a minha vida às árvores que foram na manhã e no crepúsculo no meio-dia e na noite, palavra clara que traz o dia em si fechado Gastão Cruz