Deve usar-se a poesia como jóia preciosa que o dono não traz todos os dias, nem mostra a toda a gente, nem a cada passo, mas só quando convém e há razão para mostrá-la. A poesia é uma virgem formosíssima, casta, honesta, discreta, inteligente, reservada, que se mantém dentro dos limites da mais alta modéstia. Amiga da solidão, entretêm-na as fontes, consolam-na as pradarias; sossegam-na as árvores, alegram-na as flores, enquanto ela deleita e ensina quantos com ela convivem. Miguel de Cervantes, in A ciganita, trad. Augusto Casimiro