Deixa-me ser assim, assim humanamente, que faça dos meus versos montanhas de promessas com ondas de esperança, algumas já dispersas no rio que me envolve na força da torrente. Nasci para sofrer, e vivo a reflectir orgulhos, preconceitos... e tudo que seduz, não sou senão a sombra em busca duma luz no mundo que se esvai de mim sempre a fugir. Sofri desilusões, agruras e torpezas; nasci para ser pobre e quero ser assim, o meu orgulho é este: ser só senhor de mim, alheio a preconceitos, desprezando riquezas. Deixai que a morte seja torre de marfim e leve no seu manto meus sonhos de tristeza, ficando só no tempo um facho de beleza dos versos magoados, sentidos só por mim. António Baptista