o amor não é uma saga cruel: vejo-a cuidar das plantas no jardim, brincam as filhas com lápis e papel e eu escrevo sossegado. é bom assim. na relva, um melro a saltitar, vilão pretíssimo, esfuzia à cata de algum resto, ou da mosca azarada: passa lesto entre duas roseiras. já é verão. mas o melro demanda outro quintal e do poema, sem jeito e sem disfarce, sai de bico amarelo em diagonal desajeitada: esvoaça sem maneiras como um pingo de tinta a escapar-se. de verde prateado, as oliveiras. Vasco da Graça Moura