O Nascer dos Ares e dos Pássaros
A calmaria antecede o estado incandescente
do espírito, o reinício dos tormentos diante
do corpo que se mostra e se esconde, frestas
abertas ao espelhado vidro dos sortilégios
na leitura diuturna das mensagens arremetidas
aos extremos e ao exterior da alma, a brisa
envolve os ares e retira a força
com que cresce a intensidade das paixões
e ardores, o que queima a irracionalidade
acesa dos pesares: o que vem depois de cessada
a hora das apresentações e dos cumprimentos
com que brindamos aos inimigos o espaço
cedido na comodidade do emprego, algumas
horas de prazer e horror, o intermezzo
interrompido em agudos gritos, a chegada
acelerada da idade na animosidade
das refregas: estar aqui como espantalho
de pássaros azedados aos negócios
Pedro Du Bois
Publicado em 19 de Agosto de 2008