O poeta tem os seus dias contados, como todos os homens; mas quanto, quanto mais variados! As horas do dia e as quatro estações, um tanto menos de sol ou mais de vento, são o devaneio, o acompanhamento sempre diverso para suas paixões, sempre as mesmas; e o tempo que faz, ao levantar-se, eis o grande acontecimento do dia, sua alegria assim que desperta. Nada como as luzes contrárias o alegra, nada como os belos dias movimentados, e em longas histórias multidões imersas, onde o azul e a tempestade duram pouco, onde se alternam searas de infortúnio e de vitória. Com um rubro crepúsculo se entusiasma; e com as nuvens muda de cor, ainda que lhe não mude a alma. O poeta tem os seus dias contados, como todos os homens; mas quanto, quanto mais abençoados! Umberto Saba