Não falo de palavras, nem de goivos, mas de horas atadas ao pescoço. Poema verdadeiro é sermos noivos: saber tirar a pele e o caroço ao grito entre a morte e outra morte que nos mantenha lassos e despertos até que venha o talhe que nos corte e nos retire os poços e desertos. Por isso, meu amor, o que te dou, beijo beijado em corpo claro e vivo, é mais que o verso que te dizem, ou aliterante, agudo ou conjuntivo. Colado a tudo, mesmo a contragosto, o rio inventa o verso, e não assim como se ao espelho visse o próprio rosto, mas tu além-palavra, ao pé de mim. Pedro Tamen