Também nós amamos a vida quando podemos Dançamos entre dois mártires e no meio deles erguemos um minarete de violetas ou uma palmeira. Também nós amamos a vida quando podemos. Ao bicho? da - seda roubamos um fio para tecer o nosso céu e estancar este êxodo. Abrimos a porta do jardim para que o jasmim saia para a rua como um dia bonito. Também nós amamos a vida quando podemos. Na morada que escolhemos, cultivamos plantas vivazes e recolhemos os mortos. Sopramos na flauta a cor da distância, desenhamos um relincho no pó do caminho. E escrevemos os nossos nomes, pedra a pedra. Tu, ó raio, ilumina a nossa noite, ilumina-a um pouco. Também nós amamos a vida quando podemos. Mahmoud Darwish,trad. de Albano Martins