Não te queria quebrada pelos quatro elementos. Nem apanhada apenas pelo tacto; ou no aroma; ou pela carne ouvida, aos trabalhos das luas na funda malha de água. Ou ver-te entre os braços a operação de uma estrela. Nem que só a falcoaria me escurecesse como um golpe, trémulo alimento entre roupa alta, nas camas. Magnificência. Levantava-te em música, em ferida - aterrada pela riqueza - a negra jubilação. Levantava-te em mim como uma coroa. Fazia tremer o mundo. E queimavas-me a boca, pura colher de ouro tragada viva. Brilhava-te a língua. Eu brilhava. Ou que então, entrecravados num só contínuo nexo, nascesse da carne única uma cana de mármore. E alguém, passando, cortasse o sopro de uma morte trançada. Lábios anónimos, no hausto de árdua fêmea e macho anelados em si, criassem um órgão novo entre a ordem. Modulassem. E a pontadas de fogo, pulsavam os rostos, emplumavam-se. Os animais bebiam, ficavam cheios da rapidez da água. Os planetas fechavam-se nessa floresta de som unânime pedra. E éramos, nós, o fausto violento, transformador da terra Nome do mundo, diadema. Herberto Helder