O fardo da memória
Os grandes acontecimentos da vida deixam-nos, com frequência, indiferentes; escapam à consciência e, quando pensamos neles, tornam-se irreais. Até as encarnadas flores da paixão parecem crescer nos mesmos prados das papoilas do olvido. Rejeitamos o fardo da sua memória e tornamo-las irreais dentro de nós. Mas as pequenas coisas, os pequenos instantes, permanecem. Em minúsculas células de marfim, o cérebro retém as mais subtis e fugazes sensações.
Oscar Wilde, in O Retrato do Sr. W.H., trad. André Pinto
Publicado em 19 de Setembro de 2008