Ouve tu, meu cansado coração, O que te diz a voz da natureza: - «Mais te valera, nu e sem defesa, Ter nascido em aspérrima solidão, Ter gemido, ainda infante, sobre o chão Frio e cruel da mais cruel deveza, Do que embalar-te a Fada da Beleza, Como embalou, no berço da Ilusão! Mais valera à tua alma visionária, Silenciosa e triste ter passado Por entre o mundo hostil e a turba vária, (Sem ver uma só flor das mil, que amaste,) Com ódio e raiva e dor - que ter sonhado Os sonhos ideais que tu sonhaste!» - Antero de Quental