Quimera
(gentileza de Amélia Pais)
Por teu amor,
destruía a razão
e, com ela, todos os pensamentos,
e das doces imagens região;
alma soltava aos ventos,
por teu amor.
Por teu amor,
árvore era no cume
de rocha, verde folhagem vestia,
sofrendo raio, temporal em fúria,
e no Inverno morreria,
por teu amor.
Por teu amor,
pedra da rocha era,
ali no fundo em chama ardente,
numa dor insuportável deveras,
sofrendo mudamente,
por teu amor.
Por teu amor,
alma solta um dia,
a Deus pediria que devolvesse,
ornando-me com virtude maior,
e, alegre, eu ta daria,
Vörösmarty Mihály, trad. Ernesto Rodrigues
Publicado em 15 de Setembro de 2008