Dúvidas permanentes cobrem o espaço vazio de lamentações e gritos; de nenhuma razão falamos aos filhos, as lutas inglórias do passado são meras referências do que não fizemos; estarmos aqui poderia ser a resposta, fosse outra a hora e fôssemos outros seres de igual ressonância e magnetismo, não mentirosos obscuros e irreais mascates das estradas; o destino exige pertinência e o castigo não aplicado; os castigos empobrecem os espíritos, como luas em noites sem nuvens: a visibilidade atrapalha o mistério e dá cores ao imperfeito horizonte; deveria ser cinza, claro ou escuro, cinza e apenas cinza em singeleza; as respostas acendem luzes, abrigam novas perguntas, geram respostas: o saber, o tecnológico saber salva vidas e as perde em semânticas; estarmos no acaso da passagem ou sermos permanentes inquilinos - proprietários sonham alguns - desse lugar ignorado na seqüência dos planetas; vida, apropriada maneira de não nos sentirmos sós e perdidos no universo: único conhecido, único vislumbrado em milhões de quilômetros de anos ditos luzes, nas limitações do corpo; físico esforço ao se lançar ao espaço: queda, volta, revolta e sonho; revoltas acalentam sonhos, tumultuam o sono; ir embora, o planeta inapetente à renovação; ter em mãos os projetos, verdadeiros tesouros que nos levarão aos ares e não nos trarão de volta; os primeiros corpos situados além das forças desprezam a gravidade que aqui nos protege, entendem que os corpos em músculos, ossos, nervos e neurônios em elétricas conexões e contatos são deuses livres aos espaços. Pedro Du Bois