Não pode haver nos olhos outra cor que esta camuflada cor dos dias nunca uns olhos suportam outra água que não seja de um rio que se esgota outra boca nascente não pode haver e assim se prova um nome um sabor melancolia não pode em caso algum surgir a dúvida a dúvida acarreta o sofrimento alonga a noite ataca a vida e tudo tão escusado tanto excesso ao menos que dos olhos se retirem as mãos supostas súbitas muralhas contra a cor nascida com o dia tão excessiva a cor a dor esta melancolia que se agacha no fundo de um olhar não pode haver nos olhos outra venda ou seu disfarce ou magro fingimento agora que sabemos onde pomos este corpo de outono consentido e destinado ao vento. Nuno de Figueiredo