É outono
Volta sempre à memória a repetida
fuga denotando uma tarde impaciente
um tempo alarve um como brando fogo
onde não arde o corpo que entretanto
nos queimando prossegue volta sempre
o aviso uma réstea de sol amargo
é outono e tudo está dito é outono
agora por enquanto e por isso é que
volta à memória outro frio outro
fim e se nota que o inverno está
perto o inverno é preciso sabes isso
apesar de sabermos ao certo donde
vem e aonde conduz volta sempre
à memória uma luz que repete um
sono que nos promete outro mundo
enquanto o outono dura e dura e
anestesiados nos deixa a flutuar entre
frutos já podres onde o bicho da fruta
se aproxima da gula e a terra da gente.
Nuno de Figueiredo
Publicado em 8 de Outubro de 2008