Introdução ao Tempo
II
Na senda ondulada do asfalto alguma coisa
te cria, inverte. São os traços convulsos
da morte, a ladainha biológica que sabes.
Cada descoberta que fazes é a antecipação
do dia imediato, garras de aves esgaravatando
o chão de sílica, em espamos, a conspiração
acre e dolorosa de viver. No tempo estás fluído:
a bússola que tens no coração volteja
o teu infinito, é o teu sangue perdido,
quando acaricias o destino em exaltação,
escorrrendo neste rio que goteja na nascente
- a aurora dos sábios - um líquido espesso
e feroz que corrói os tecidos de cardos
roxos, a película que volteja no ar fino
adejando ao ritmo que compassas.
Ergues-te sorridente e cais.
Carlos Eurico da Costa
Publicado em 12 de Outubro de 2008