Ao céu regresso. Quero dizer à terra anoitecida pelo amor. Extasio-me com a terrestre vida dos astros. Passeio por uma estrada de estrelas. Isto é uma estrada de flores sublimadas pela noite. Vou visitar um estábulo em pleno universo. Zodíaco. Jardim zoológico astral. Lá estão as constelações irradiando o seu frio. Quero dizer os animais pela memória desterrados. Regresso à noite. Piso a escuridão. Olho o céu como se a terra visse. As estrelas são flores. As constelações são animais. O céu é um jardim com um estábulo no meio. Comem flores os animais da terra. Mastigam estrelas os do céu. O céu também é um chão mas um chão feito de memória. Estão lá os mitos. Isto é homens elevados pela luz e pela palavra. Pisam-se lá em cima astros como em baixo se pisam pedras. No céu passo por mitos e por ideias. Estão lá poemas. Quero dizer coisas metaforizadas por esta outra noite do mundo íntima e secreta que são as palavras. António Cândido Franco