Se eu te pedisse a paz, o que me darias pequeno insecto da memória de quem sou ninho e alimento? Se eu te pedisse a paz, a pedra do silêncio cobrindo-me de pó, a voz limpa dos frutos, o que me darias respiração pausada de outro corpo sob o meu corpo? Perdoa-me ser tão só, e falar-te ainda do meu exílio. Perdoa-me se não te peço a paz. Apenas pergunto: o que me darias em troca se ta pedisse? O sol? A sabedoria? Um cavalo de olhos verdes? Um campo de batalha para nele gravar o teu nome junto ao meu? Ou apenas uma faca de fogo, intranquila, no centro do coração? Nada te peço, nada. Visito, simplesmente, o teu corpo de cinza. Falo de mim, entrego-te o meu destino. E a morte vivo só de perguntar-te: o que me darias se te pedisse a paz e soubesses de como a quero construída com as matérias vivas da liberdade? Casimiro de Brito