De poetas e filósofos tu sabes, sabes também por ti. Por isso eu digo: esta pedra é vermelha, esta pedra é sangue. Toca-lhe: saberás como em segredo florescem as acácias ao redor dos muros, como fluem suas concêntricas artérias. Acaricia-as: tocas a parte mais sensível de ti mesmo. Dizias ontem que o verão ardia nesta pedra. Nela queimavas tuas mãos. Onde as aqueces hoje? Eu digo: o verão não morreu, esta pedra é o verão. E tudo permanece. E tudo é teu. Tu és o sangue, o verão e a pedra. Albano Martins