Vinham de longe, arrastados pelos ventos, e escondiam nas mãos um punhado de areia fina para não esquecerem o cheiro dos desertos. Subiram à montanha e, com um ramo quebrado, puseram-se a riscar o contorno do lago e os caminhos tortuosos das primeiras margens. A água fascinava-os, como aos cavalos que traziam alados e sem crinas para chegarem sempre mais cedo. Nessa noite acamparam no vale. Assaram um veado. Beberam às mulheres que haveriam de ter. E adormeceram mais longe do céu. Sonharam com o fogo para não terem de cortar o trigo. De manhã, a planície estava ainda mais plana. Maria do Rosário Pedreira