As gaivotas da manhã acordaram-me. O canto é delas ou foi recolhido nas águas? Um raio de sol atravessa o quarto e trepa hesitante pela cama; deita-se connosco como se fosse um gato. Estendo a árvore flexível do corpo e penso como é bom esquecer-me da idade e dos outros e do mundo que felizmente se esquece muitas vezes de mim. Não sei de que lado estou se me deitei à direita ou à esquerda da minha amiga. Agrada-me o rumor dela quando se aconchega ao meu corpo sem ter ouvido ainda o piar das gaivotas nem as patas perfumadas do sol a nosso lado. Casimiro de Brito