Nova Iorque, 1984 Mando-te pelo correio a bagagem abstracta dos anos segue num selo maduro colado aos lábios pela mão de asas pátrias, as melhores para os voos baixos estão comigo a mãe convexa das origens atada a um excesso tímido na cama e um velho literal num berço enorme não consigo dormir o quarto todo saio de semana a domingo sem remédio por um fio suspenso da guilhotina urbana sobre migalhas de sons e luzes de que fazem hamburguers de sentido os edifícios conhecem-se ao longe como as ideias mobiladas e o império concentra-se nas portas estou ferido não longe do corpo pelo estilhaço de um orador de mármore. Boaventura de Sousa