Sentavas-te junta à esteira e acendias os cabelos numa lágrima. Em silêncio ias moldando entre os dedos luas muito cheias que depois me ofertavas, dizendo, abre no meu rosto um poema a pique por onde a luz se despenhe. Só tu conhecias a inclinação certa do cachimbo, a púrpura linguagem do fumo, a revelada cadência dos sonhos. E eu amava-te pela maneira como os barcos sangravam nos teus lábios Jorge Melícias