Na justa monotonia do meio-dia oiço o prodígio do repouso e a paixão adormecida. O concêntrico sopro imobiliza-se. É uma lâmpada de pedra fulgurante. Tudo é nítido mas ausente. O mundo todo cabe no olvido e o olvido é transparência de um denso torso que a nostalgia acende. No silêncio sinto numa só cadência a vociferação e o tumulto das pálpebras e dos astros. Pelas veias o fogo da cal é branco e liso e a mais remota substância culmina num rumor redondo. António Ramos Rosa