(gentileza de Amélia Pais) Na fonte dos teus olhos vivem os fios dos pescadores do lago da loucura. Na fonte dos teus olhos o mar cumpre a sua promessa. Aqui, coração que andou entre os homens, arranco do corpo as vestes e o brilho de uma jura: Mais negro no negro, estou mais nu. Só quando sou falso sou fiel. Sou tu quando sou eu. Na fonte dos teus olhos ando à deriva sonhando o rapto. Um fio apanhou um fio: separamo-nos enlaçados. Na fonte dos teus olhos um enforcado estrangula o baraço. Paul Celan