Não ser jamais algoz de um sonho ou de um anseio fazer da vida um fim e não somente um meio de alcançar um fim por todo meio incerto não ser jamais estéril e árido deserto ondenão floresce sequer a flor selvagem não ser árvore seca despida de folhagem por onde o vento passe a murmurar baixinho onde a ave pouse e possa ter um ninho de onde brote o fruto rubro sumarento Não ser jamais a pedra fria do convento que mesmo ouvindo preces permanece fria não ser jamais a rocha abrupta sem harmonia não ser jamais o ódio a inveja o desengano poder ouvir no mar uma eterna sinfonia e no soprar dos ventos escutar um hino ser um pouco da terra para ser divino e ser dos céus um pouco para ser humano. Augusto Severo Netto