Os olhos não fitam a mão que afaga o coração em que não pulsa o sangue que não percorre a veia dissecada alma dilacerada vísceras artérias olhos ávidos distantes a cada instante contemplando a madrugada sumindo porque não houve noite nem dia e não surgiu a face mais visível da lua não mirei a tua não devassaste a minha não encontrei a casa não saíste à rua a cidade é apenas uma suposição geográfica esquecida no tempo que não se move porque já não há tempo mensurável e portanto não houve e jamais haverá fim de semana tudo uma interminável segunda feira mítica insana e o mar não mais que uma referência na linha imaginária inatingível ao pensamento que se forma e se desfaz o que apraz a nossa paz porque não existe luz não há razão a mão não toca a boca não sente o beijo teu desejo meu desejo de não sentir desejo minha ânsia teu suave riso meu sublime pranto a tua ida a minha volta o nosso encontro a cada desencontro para negar o amor até as últimas conseqüências porque não existes tu nem existo eu é tudo um paradoxo monumental. Astolfo Lima Sandy