Poema do Conflito Eterno I
Por que esse silêncio
essa paz
essa calma
essa ventura falsa que pedem os circunstantes:
“mostra-a em teu rosto”
sem reparar decerto o não poder fazê-lo
por não sentí-la em mim
por não trazê-la na alma.
Tenho os lábios gretados
como o leito dos rios onde a água é lenda
meu sorrir é queixa
minha prece um grito
um eco de revolta irremediável
do irremediável e milenar conflito
represado comigo desde o ter nascido
entre o que nasci e o que me fez a vida.
Augusto Severo Netto
Publicado em 5 de Janeiro de 2009