Amada, por que eu tive a tua voz Depois que o Nada teve a tua boca? A lua, em sua palidez de louca, Brilha igual sobre mim, e sobre nós!... Porém como estás longe, como o algoz De um só golpe sem fim — a Morte — apouca Os gritos dos que esperam, a ânsia rouca Dos que atrás têm seu sonho, os grandes sós! Aqui não brilha o mundo que engendraste Como o manto de um deus, e astros sangrentos Não nos rolam nas mãos da imensa haste. E só estes olhos meus, que nunca viste, Se incendeiam, vitrais na noite atentos, Voltados para o chão aonde fugiste! Alexei Bueno