(gentileza de Amélia Pais) De que me serve ter vivido como um deus se foi só uma vez. De que me serve saber que em certo momento alcancei algo inominável. Agora regresso por ruas gastas por milhões de passos, por sujas multidões através dos séculos. Sou mais um. Irei percorrer essas ruas da mesma maneira; como eles irei amar uma mulher, e também à minha frente florescerão as buganvílias quando chegue abril. Acontecerá uma série de coisas, e nada mais. Escreverei uns versos que não terão luz, porque a luz foi tua somente um instante. Tudo será névoa, desaparecerá como um amanhecer sobre as ondas na lembrança de um velho. Irá perder-se a luz. Irás perder-te. E serás infeliz, e não saberás a razão. Alejandro Martín, trad. Manuel A. Domingos