Da serventia do objecto
Ao objeto é dado o direito
de se manter imóvel
e quieto no seu canto:
pode ser movimentado pelo vento
que insufla a cortina e o joga
armário abaixo, onde se quebra
o objeto se multiplica em pedaços
que são colados deixando à mostra
as cicatrizes da queda: amizades
restabelecidas após mal entendidos;
o objeto pode ser jogado fora sempre
que desnecessária a sua permanência: em caso
de morte do proprietário, os livros
em bom estado fazem as honras
dos objetos e são vendidos
em primeiro lugar,
por quase nada.
Pedro Du Bois
Publicado em 24 de Fevereiro de 2009