A paisagem não vale a pena. Pesa dizê-lo assim tão duramente, mas o que posso fazer contra os mascarados que penetraram os altos muros e agora coabitam os aposentos desolados? Já não vale a pena a manhã. Os embuçados chegaram em surdina e foram destroçando todos os pilares, todas as primaveras, as lúcidas esperanças, vultos tão horrendos que paralisaram o dia. A noite não significa mais nada. As casas dormem e não significam nada. O vento cortou-se em mil fatias de desespero. Que dimensão canta além da treva, a face repousada, os olhos claros? Afonso Henriques Neto