Do sentir
Sentimentos fogem
São flutuantes coloridos nos lábios do vento
Amarre teu sentir ao meu com fio sólido
Não permita o esvaziar das palavras
São não razões que nos podem perder
Nossas visões nas faces, nas costas e mãos
Em espelhos multifacetados e equinócio febril
O desvéu da matéria agoniza entre os verbos
E uma palavra pode ser avessa ao reverso
O mundo diverte-se com nossos olhos-sentir
Escalando gargantas em gargalhada líquida
Criando ao redor do corpo lagos e simulacros
Peixes dançantes em excesso de sal
E um gosto de coisas pré-sentidas
O silêncio instiga o parto em gritos
Ele tem a fome do estômago invisível
Auto devora-se em palavras-labirinto
Na dança o véu da noite deixa a vista
Nosso calcanhar de Aquiles emancipado
E correndo para o mar se recebe
O abraço esfacelado das ondas
Sereias e pérolas que nos escapam
Iva Tai
Publicado em 20 de Março de 2009