Eu já te amava pelas fotografias. Pelo teu ar triste e decadente dos vencidos, Pelo teu olhar vago e incerto Como o dos que não pararam no riso e na alegria. Te amava por todos os teus complexos de derrota, Pelo teu jeito contrastando com a glória dos atletas E até pela indecisão dos teus gestos sem pressa. Te falei um dia fora da fotografia Te amei com a mesma ternura Que há num carinho rodeado de silêncio E não sentiste quantas vezes Minhas mãos usaram meu pensamento, Afagando teus cabelos num êxtase imenso. E assim te amo, vendo em tua forma e teu olhar Toda uma existência trabalhada pela força e pela angústia Que a verdade da vida sempre pede E que interminavelmente tens que dar!... Adalgisa Nery