Sejam as mulheres como as rosas ou como as aguarelas, quando estão connosco, quando não, quando vibram, quando alegram, quando doem, quando vêm e quando vão, quando sobem as ladeiras, quando descem passarelas. Tragam com elas os incorruptíveis sinais da beleza, ainda que se saiba impossível sua erupção fora da alma feminina, do corpo da mulher, esse vulcão que trabalha nosso desatino, faz a nossa inelutável rendição. Ainda que se pense em mar, em céu, no incrível arco multicor, no ar que impregna a flora e balança os frutos verdes após a chuva. E até no rodopio do ciclone, que louva Deus bailando sua aterradora e tresloucada dança, nas noites austrais, nas auroras boreais, numa explosão de luzes no setentrião. Nada disso ou tudo isso sequer supera uma lembrança de mulher. Fora de seu riso e de seu colo, não há razão de ser, nem como florescer a magia, a poesia, o êxtase, a canção. Chame-se então deslumbramento a essa compulsória devoção. E nesse diapasão lírico, celebro as que se foram, cuja ausência confrange o coração, as que esperam e acenam da janela, aquelas que virão mitigar a dor de existir, reinventar a fúria sagrada do amor. Erorci Santana