Arrumo livros como lembro os rostos, de memória. Limpo livros a me esgueirar por estantes e frestas, esgrima. Depois volto a flagrar as lombadas queimadas de luz e de gordura dos dedos (o corpo continua a penetrar cada leitura). Ali estive, aquele ali fui eu, aqui me reencontro, estranho antes e depois. Ninguém fala o título: ele mesmo soletra a sua inclusão e se perfila, agora convocado. Daqui observo, perto e de rapina, o livro que li e volta para a fila: sua lombada erguida frente à dúvida, que não termina. Felipe Fortuna