De novo o mar que espero sentada à janela que dá para as rosas. Que dá para todas as ruas que passei com os teus passos. Para a estrada onde virámos a cabeça para não ver o homem esvaído no chão. Depois comemos na casa de um amigo, bebemos e falámos como se a vida fosse eterna. À volta a estrada estava limpa, sem sinais de sangue. As luzes sobre o mar nas duas margens e a tua mão na minha perna. Lá no céu um homem esventrado procura as suas asas. Nada sei de anjos. Eu que espero o mar todos os dias acredito na rotação da terra e na lei da gravidade. Mas quando chegas o corpo não tem peso e as palavras voam em redor de nós alagadas em suor. E vem o mar. Rosa Alice Branco