Nada que preste
De que eu nunca escrevi nada que preste,
podem me acusar.
Mas terão de resolutos concordar
que vivi a vida pungente,
e que ela sempre me ardeu (e arde)
na medida total da minha existência.
Não há uma lacuna sequer,
onde eu possa me aliviar.
Porque a vida é pra valer,
porque a vida é pra levar.
Desde sempre, resolvi escrever.
Nada que preste, reconheço.
Mas essa vida eu vivi,
e não há que se negar.
E é por isso que ela me arde.
E é por isso que eu a conheço.
Rita Cruz
Publicado em 2 de Junho de 2009