Segundo canto de amor
És mar bravio. És mundo, imensidão,
em meu deserto, és luz do sol a pino:
és música que encanta. E este menino
a ti pertence; e em ti, é coisa pouca,
não mais do que um vestígio do que outrora
um homem se chamou. E nele, agora,
não há nada de homem, nem de fera:
há apenas uma turva e doce espera
por ti. E por teu corpo. E por tua alma:
Senhora, só teu beijo embebe e acalma
este homem que por ele implora, louco,
e tanto que seu canto é fraco e rouco.
Henrique Marques Samyn
Publicado em 20 de Junho de 2009