Soneto
gentileza de Amélia Pais)
Eu cantei, não o nego, eu algum dia
Cantei do injusto Amor o vencimento,
Sem saber que o veneno mais violento
Nas doces expressões falso encobria.
Que Amor era benigno, eu persuadia
A qualquer coração de Amor isento;
Inda agora de Amor cantara atento,
Se lhe não conhecera a aleivosia.
Ninguém de Amor se fie: agora canto
Somente os seus enganos, porque sinto
Que me tem destinado estrago tanto.
De seu favor hoje as quimeras pinto:
Amor de uma alma é pesaroso canto;
Amor de um coração é labirinto.
Cláudio Manoel da Costa
Publicado em 19 de Julho de 2009