sente-se a lentidão, o peso, minarem cada gesto; e antes do gesto, a ideia de o fazer; dançam agora dois a dois, reconstituem a unidade cindida ainda há pouco; os pares mortais; a vocação de transformar o tempo em rostos; somam-se duas mortes, e obtém-se uma criança; ela, sim; resistirá, crescendo, ao desgaste do dia, procurará na outra noite o corpo que define o seu; protege-a a espuma, a máscara, até de madrugada; e então, das duas uma: reproduz-se também; ou extingue em si o fluxo da dança; não é a conjunção dos astros que comanda tudo; mas a cor do céu; indecifrável; e outros, um halo de metal, quase cinzento, em que repousam; ou donde se desprendem; certas cores intermédias; de qualquer modo, a noite dificulta os tons, subverte-os sem se dar por isso; Carlos de Oliveira