Tenho de repensar a minha vida, disse-me, e acrescentou: ser-se feliz é não ter esperança. Lembrei-lhe o sol e o mar que hoje vejo sozinho aqui na praia e respondi não há quem viva assim, ainda que a esperança não exista. Mas vi-a olhar o céu, dizendo que sorte é termos a Lua - rege-nos as marés e o corpo -, e que amava o seu rosto claro, um espelho de luz na noite onde se olhava já sem sonhos. Nem suspeitou ser isso a esperança, a lua e os espelhos sem mais nada, a música que ouvíramos e o mar além, atrás das dunas. Nuno Dempster