(gentileza de Amélia Pais) Dá-me as tuas mãos, dá-me as tuas mãos, dá-me as tuas mãos. Vi dentro da noite o cimo agudo do monte vi além a planície inundada com a luz de uma lua por aparecer vi, ao voltar a cabeça as pedras negras contraídas e a minha vida tensa como corda princípio e fim o último momento; as minhas mãos. Afunda-se quem levanta as grandes pedras estas pedras levantei-as enquanto suportei estas pedras. O meu destino. Ferido pelo meu solo tiranizado pela minha túnica condenado pelos meus próprios deuses, estas pedras. Sei que não sabem, porém eu que segui tantas vezes o caminho do assassino ao assassinado do assassinado à paga da paga ao outro assassínio, a púrpura inesgotável aquela tarde do regresso quando as Solenes começaram a silvar na erva escassa — vi as serpentes em cruz com as víboras entretecidas sobre a linguagem má o nosso destino. Vozes das pedra e do somo mais fundas aqui onde o mundo escurece, memória da fadiga enraizada no ritmo Que bateu na terra com os pés Esquecidos. Corpos afundados nos alicerces do outro tempo. Nus. Olhos fixos fixos, num sinal que por mais que queiras não distingues; a alma que luta por tornar-se a tua alma. Nem já sequer o silêncio é lei aqui onde as mós pararam. Yorgos Seferis, trad. Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratisinis