Os Passos
(gentileza de Amélia Pais)
Teus passos, filhos do meu silêncio
Religiosamente, lentamente dispostos
Cerca do leito da minha vigilância
Procedem mudos e gelados.
Pessoa pura, sombra divina
Como eles são doces, os teus passos confinados!
Deuses !.....todos os dons que adivinho
Vêm a mim nestes pés nus!
Se, de teus lábios liberais
Tu te preparas para o apaziguar
Ao ocupante dos meus pensamentos
O alimento de um beijo,
Não precipites este acto terno,
Doçura de ser e de não ser,
Porque tenho vivido para te esperar
E meu coração não era senão os teus passos
Paul Válery, trad. Sonia Lanzillotte
Publicado em 30 de Outubro de 2009