O Livro Infindável V
Infindável livro: melancólico
em tristezas disfarçadas; saudoso
no sono e o sonho de páginas percorridas
com a ponta do dedo molhado no virar
a página seguinte e seguinte e seguidamente
destituída do caminho.
A mesma página reduz dramas
em comédias. A tradução em introdução.
O remédio entre duas e três
palavras ditas em repetições.
A dimensão inexata: leio e releio a página atual
e busco ao molhar o dedo a folha seguinte.
Infindável parábola metaforicamente
recolhida ao dia. O rubor da face diante
do desconhecimento do elenco formatado
na recontagem da história.
Leio o título e tateio o livro:
sobram espaços vazios de leituras
não iniciadas. A infindável vida
desregrada aos óbices
e o sexo permissível
aos homens de vontade
insubmissa à criação
literária.
Pedro Du Bois
Publicado em 26 de Dezembro de 2009