Deixa-te estar assim um instante mais pousada no parapeito da janela, antiquíssima profetisa dos bosques. Não te vás, pequeno deus do orvalho (pelo menos enquanto escrevo este poema). Deixa-te estar um instante mais pousada no parapeito da janela que eu não sou caçador não ouso armadilhas nem flechas nem te levarei de oferta à minha amada, noiva de Salomão, ave sagrada de Afrodite, símbolo talmúdico da castidade. Fica, alado peixe duplo, breve mensageira da Grande Mãe Telúrica. Deixa-te estar um instante mais pousada no parapeito da janela, portadora do ramo de oliveira. Quero saber se o Dilúvio Universal já acabou lá fora e se o Espírito de Deus paira de novo sobre as águas da substância primordial indiferenciada. Emanuel Félix Borges da Silva